Queda do PIB foi de 0,8% no primeiro trimestre, mas segmento de insumos, devido a aumento de preços, cresce 9,6%
O PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio teve queda de 0,8% no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado. Essa queda ocorre devido à alta dos insumos, que afetaram tanto a agropecuária como a agroindústria.
Com essa queda, o agronegócio reduz a sua participação na economia nacional para 26,2% no primeiro trimestre deste ano. No ano passado, era de 27,6%.
Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceira com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Já o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) traz números bem diferentes para o PIB desse mesmo período. Segundo o órgão oficial, a evolução foi negativa em 8%.
Os dados da CNA e do Cepea, porém, não são comparáveis com os do IBGE. O órgão do governo acompanha a produção dentro da porteira. Considera apenas o volume conseguido pelos produtores no período.
Já a CNA, conforme a pesquisa feita pelo Cepea, engloba todo o agronegócio. Além da produção de dentro da porteira e dos preços das mercadorias, leva em consideração todo o agronegócio, incluindo insumos, agroindústria e agrosserviço.
O único segmento que teve evolução positiva no PIB neste primeiro trimestre foi o de insumos. Registrou crescimento de 9,6%. Essa alta se deve à evolução dos preços dos fertilizantes, dos defensivos agrícolas e das máquinas.
Já o PIB do setor primário teve recuo de 2,48% no primeiro trimestre, provocado pela queda de 4,22% na agricultura. A pecuária obteve alta de 1,2%.
No segmento agroindustrial, o Cepea e a CNA também registraram queda no PIB. A redução foi de 0,43%, provocada pelos custos da agroindústria tanto na base agrícola como na da pecuária.
O setor de agrosserviços, refletindo a menor produção de produtos agropecuários e agroindustriais, além de estreitamento das margens, recuou 1,51%.
Crédito agrícola
O agronegócio está exigindo um volume de crédito cada vez maior. O problema é que o setor tem como principal fonte de financiamento o crédito oficial subsidiado pelo governo que, com o aumento da governança e da austeridade fiscal, vai ser cada vez mais restrito no futuro.
Uma das saídas é o Fiagro, um movimento mais amplo e que serve de estrutura de financiamento para a cadeia do setor como um todo, segundo Bruno Rafael Santana, CEO da Kijani Investimentos. A área de plantio aumenta e os custos sobem, o que vai exigir mais crédito. O financiamento, no futuro, passa pelo mercado de capitais, sendo o Fiagro um dos principais instrumentos.
A rentabilidade competitiva, a isenção de Imposto de Renda e um meio a mais de o investidor participar do agronegócio são incentivos para essa modalidade. Com captação acumulada de R$ 2,4 bilhões, o potencial de crescimento é grande, afirma Santana.
O dinheiro captado pelo Fiagro está indo para as principais cadeias de produção, como grandes produtores e usinas de açúcar e de etanol. O importante, porém, é que haja uma pulverização setorial. No caso da Kijani, além dessas cadeias, o investimento é dirigido para os setores de proteína animal, produção de sementes, logística e alimentos, afirma Santana.
Para reforçar seus projetos de administração e de produção, a Laticínio Scala incentivou os funcionários a enviarem propostas para a empresa. Foram recebidas 169.
Destas, a empresa aprovou 37 para avaliação e validação. A meta é seguir com pelo menos 20 delas que, após passar por um comitê de avaliação, podem ser implantadas em toda a empresa (Folha de S.Paulo)