Produtores do Rio Grande do Sul comemoram incidência do frio intenso para beneficiar culturas de inverno e até a soja
Geadas foram registradas em diversas áreas agrícolas no Brasil durante o fim de semana, incluindo regiões produtoras de café e cana-de-açúcar, com cooperativas e empresas ainda avaliando os eventuais impactos sobre a produção.
Cana, café, trigo e o milho safrinha, plantado tardiamente, são as culturas mais vulneráveis nas regiões sul e sudeste do Brasil, onde as geadas foram relatadas, após o país ter sido atingido pela mais intensa massa polar vista neste ano.
Empresas de açúcar e cooperativas de café enviaram agrônomos a campo para uma melhor avaliação da situação. A produtora de açúcar e etanol São Martinho disse que 12.000 hectares de seus canaviais foram atingidos por geadas. A companhia, no entanto, disse que espera que eventuais perdas na produção sejam pequenas.
A cooperativa de café Minasul, no principal Estado produtor, de Minas Gerais, afirmou que as geadas atingiram principalmente áreas baixas e montanhas. “Ainda estamos avaliando, mas parece claro que haverá algum impacto na produção”, disse à Reuters nesta segunda-feira (8/7) o presidente da Minasul, José Marcos Magalhães.
Uma melhor avaliação sobre os impactos em áreas de café e cana-de-açúcar provavelmente levará alguns dias.
Geada intensa atinge também áreas de café em Nova Resende/MG e produtores devem levantar prejuízos nesta semana. Áreas de baixa e média altitude sofreram mais no município, que vai realizar levantamento de dados e prejuízos durante os próximos dias. Perdas podem se estender para próximas safras.
O município registrou a incidência de geada na madrugada de sábado (6/7) para domingo (7) e esse fenômeno atingiu diversas lavouras de café, principalmente as áreas mais baixas e médias. Segundo Ronaldo Ferreira Cardoso, presidente do Sindicato Rural de Nova Resende/MG, a geada começou por volta das 21 horas de sábado e os impactos já podem ser vistos nos cafezais do município.
De acordo com a liderança, ainda é cedo para quantificar os prejuízos e esses levantamentos serão realizados ainda durante esta semana. Apesar de ainda não definidas, as perdas podem se estender inclusive para as próximas safras.
Após 3 dias de geadas e temperaturas de até -4 graus, Guarapuava/PR deve ter perdas no trigo e na cevada, em especial nas plantadas mais cedo. Estudo para quantificar os prejuízos vai acontecer ao longo desta semana, mas perdas devem ser inevitáveis.
Segundo Rodolpho Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava/PR, somente na semana que vem será possível saber com certeza o tamanho da área atingida e o nível de prejuízo, mas já se sabe que o estrago será menor do que o que poderia ter sido.
Isso porque o plantio desta safra aconteceu de maneira mais tardia, após as temperaturas do inverno estarem mais amenas do que o normal, e isso eleva o número de plantas ainda em estágios mais iniciais, que conseguem se recuperar melhor após a geada.
Já os produtores do Rio Grande do Sul apesar de parecer ruim em um primeiro momento, essa situação é motivo de comemoração. Os últimos quatro dias foram de quedas de temperaturas em Tupanciretã no Rio Grande do Sul, com os termômetros chegando em até -5 graus e a geada marcando presença na região.
Segundo José Domingos Lemos Teixeira, coordenador do Núcleo da Aprosoja de Tupanciretã/RS, a geada atuou como um herbicida, fungicida e inseticida natural auxiliando no controle de pragas e doenças para as culturas de inverno como o trigo e cevada, que já estão adaptadas ao frio intenso.
Outra lavoura que deve ser beneficiada dessa ação é a soja que será plantada no verão para a safra 2019/20. Teixeira destaca que essas condições climáticas ajudam a acabar com as sojas guaxas e podem contribuir para diminuir a incidência de doenças também na safra de verão.