A irrigação com pivô central se espalhou pela região norte do Paraná e, como diz o produtor de grãos Samuel Baíse, de Florestópolis, é como “uma espingarda engatilhada”, pronta para agir se faltar chuva. O Rally Cocamar de Produtividade foi conferir.
O que Samuel quis dizer é que, ao contar com irrigação, o produtor trabalha mais confiante e sem depender tanto de São Pedro. Com a garantia de umidade, ele pode planejar a época da semeadura e, havendo um veranico durante o ciclo, é só acionar a “chuva”.
Se de um lado a irrigação incrementa a produtividade da soja entre 10 e 15%, de outro faz disparar as médias do milho de inverno. Dos 450 alqueires cultivados pela família, 150 são irrigados por 5 pivôs, que começaram a ser instalados em 2003.
De acordo com o filho Leandro, o Léo, que é técnico agrícola, na recente safra 2018/19, marcada por um clima atípico, com estiagem e altas temperaturas, a soja irrigada apresentou uma média de 120 sacas por alqueire (49,5 sacas/hectare), ao passo que a de sequeiro ficou em 100 sacas/alqueire (41,3/hectare). “Piores do que a falta de chuva foram o sol forte e o intenso calor”, pontua. Ele calcula uma redução de produtividade, neste ano, entre 35% e 40%.
No milho, a diferença de produtividade de uma lavoura irrigada para a de sequeiro, ao longo dos anos, tem sido considerável. Para uma média regional de 220 sacas por alqueire (90,9 sacas/hectare), os Baíse geralmente colhem de 350 a 400 sacas por alqueire (144,6 a 165,2 sacas/hectare). “O milho responde muito bem”, afirma Léo, que cuida da produção ao lado do pai e do irmão Paulo, enquanto a irmã Luciana se encarrega da área administrativa.
A irrigação é acionada em horários fora do pico de consumo, sendo mais comum, no caso da soja, utilizá-la por dois meses, nas épocas consideradas mais críticas, para garantir a formação normal de vagens e o enchimento de grãos. O custo médio, tanto na soja quanto no milho, é estimado por Léo em R$ 200 por mês para cada alqueire irrigado, valor este que acaba totalmente diluído em razão do aumento da produtividade.
Léo e Paulo contam que vão iniciar o modelo de integração lavoura-pecuária, com produção de grãos no verão e pecuária durante o inverno. Nos últimos anos, o espaço ocupado pela pecuária foi diminuindo nas propriedades, devendo a engorda resumir-se a quatro meses, justamente na época mais fria. Para isso, os Baíse, que já praticaram o consórcio milho e capim braquiária, devem investir mais na braquiária solteira para a cobertura do solo e também como forragem para alimentar os animais no inverno.
Uma história na região
Aos 85 anos, Samuel Baíse tem história na região, aonde chegou em 1941 para formar café. Ao longo dos anos, trabalhou também com engorda de porcos, gado de corte e chegou a lidar com algodão.
Baíse começou a cultivar soja antes de 1980 e diante da instabilidade da produção, causada pelas constantes estiagens, resolveu seguir o que outros produtores de sua região vinham fazendo: investiu em irrigação para aproveitar o potencial hídrico regional e garantir a produtividade de suas lavouras.
Seu filho, Leandro, o Léo, diz ver a chegada da Cocamar “com bons olhos” à região. “A cooperativa vem fortalecer o agronegócio regional.” No ano passado, a Cocamar adquiriu seis estruturas de atendimento da Cofercatu, localizadas em Florestópolis, Porecatu, Centenário do Sul, Prado Ferreira, Miraselva e Lupionópolis (onde já operava com uma unidade alugada).
Colheita e plantio de milho em Tamarana
Receptiva a novas tecnologias para tentar vencer o desafio de incrementar a produtividade da soja, a família Barbosa, de Tamarana (PR), colhe os frutos do seu trabalho, embora no ciclo 2018/19, recém-concluído, a região também tenha sofrido em razão dos problemas climáticos.
Atentos a todos os detalhes, o pai Edson e os filhos Helder e Emerson acompanham de perto o desenvolvimento da lavoura e procuram identificar as épocas mais adequadas para as pulverizações. “Com suas margens estreitas, o agricultor não pode se dar ao luxo de cometer equívocos”, diz Edson.
Orientados pelo agrônomo Vinícius Arantes, da unidade local da Cocamar, os Barbosa receberam a visita do Rally Cocamar de Produtividade com um olho na colheita e outro no plantio de parcelas de sete híbridos de milho que vão testar neste ano, para avaliar o desempenho e utilizar na safra de inverno do ano que vem. “É um ensaio que geralmente os produtores maiores costumam fazer para serem mais assertivos”, explica Vinícius.
Na colheita da soja, Edson diz não ter feito ainda a média de produtividade, que, segundo ele, deve ficar 20% abaixo de suas expectativas iniciais, por conta das adversidades climáticas. Mas calcula em pelo menos 150 sacas por alqueire (61,9 sacas/hectare) o que, para um ano tão difícil, não é nada mau. (Jornal Cocamar)