Paraná e Santa Catarina tiveram melhor situação da seca desde sua entrada no Monitor em agosto de 2020. Rio Grande do Sul teve a seca mais branda desde outubro do ano passado
A última atualização do Monitor de Secas aponta que na região Sul houve, em março, uma atenuação da condição de seca nos três estados em função da diminuição das áreas com seca grave causada pelas chuvas acima da média nos últimos meses.
No Paraná, houve uma significativa queda da área com seca grave (de 36% para 18% do estado) e com seca moderada (de 63% para 53%). Como consequência do abrandamento do fenômeno, houve o surgimento de seca fraca em 25% do território paranaense. Nos outros 2% do estado não foi identificado o fenômeno, sendo que esta é a primeira vez que o Paraná teve áreas livres de seca desde sua entrada no Mapa do Monitor em agosto de 2020. Com a redução do fenômeno simultaneamente com seu abrandamento em março, o Paraná teve a melhor situação já registrada no histórico do estado no contexto do Monitor de Secas.
O Rio Grande do Sul, apesar de ter a situação mais grave de seca do Sul e estar com o fenômeno presente em todo o seu território desde outubro do ano passado, o estado também teve a atenuação do fenômeno com a diminuição da área com seca grave (de 57% para 30%). Em março o Rio Grande do Sul teve a melhor situação do fenômeno desde outubro de 2020, quando cerca de 2% de sua área passou por seca grave.
Por outro lado, Santa Catarina registrou a melhor condição da região Sul – com a maior presença de área livre de seca (20%). Além da redução do território com o fenômeno, aconteceu o seu abrandamento com a redução das áreas com seca grave (de 29% para 20%) em comparação a fevereiro. Assim como no Paraná, a situação de março é a melhor já registrada no histórico do estado no Monitor (desde agosto de 2020) por conta da redução do fenômeno simultaneamente com seu abrandamento.
Em março deste ano, em comparação a fevereiro, as áreas com seca tiveram redução em seis das 20 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor de Secas: Alagoas, Maranhão, Paraná, Piauí, Santa Catarina e Tocantins. O território capixaba, por sua vez, deixou de registrar seca, o que não acontecia desde abril de 2020. No sentido oposto, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram aumento de sua área com seca, enquanto São Paulo registrou a categoria mais intensa para o fenômeno no país: seca excepcional, que não era registrada pelo Monitor no Brasil desde março de 2019.
Em sete estados, 100% de seus territórios continuaram com seca no último mês em comparação a fevereiro: Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe. A Bahia passou a ter seca em 100% do estado, o que não acontecia desde março e 2019. Outros três estados registraram entre 96 e 98% de área com seca: Paraná, São Paulo e Goiás. O Distrito Federal e o Espírito Santo são as únicas unidades da Federação sem o fenômeno.
Em termos de severidade do fenômeno, os três estados do Sul tiveram o abrandamento da seca entre fevereiro e março: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Por outro lado, seis unidades da Federação tiveram agravamento da situação de seca, marcado pelo avanço da seca grave (Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte), pela expansão das áreas com seca moderada (Bahia e Piauí) e pela acentuação da seca no noroeste de São Paulo – único estado a registrar seca excepcional no país, categoria mais intensa na escala do Monitor. Já no DF a situação se manteve sem seca. Veja a seguir a seca por grau de severidade em todos as unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor.
Com base no território de cada unidade da Federação acompanhada, a Bahia lidera a área com seca, seguida por Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.
Com uma presença cada vez mais nacional, o Monitor agora abrange as cinco regiões do Brasil, o que inclui os nove estados do Nordeste, os três do Sul, os quatro do Sudeste, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. O processo de expansão continuará até alcançar todas as 27 unidades da Federação.
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. As instituições que atuam no Monitor de Secas em seus respectivos estados são as seguintes:
- PARANÁ: Instituto Água e Terra (IAT) e o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (SIMEPAR);
- RIO GRANDE DO SUL: Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA);
- SANTA CATARINA: Secretaria Executiva do Meio Ambiente (SEMA) da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE).
A metodologia do Monitor de Secas, em operação desde 2014, foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica a ausência do fenômeno ou uma seca relativa, significando que as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região.